quinta-feira, 19 de junho de 2008

Vertigem

Deixa-me na queda,
que vou sózinha!
todo o prazer que tenho
o quero só p'ra mim

porque eu sou a moeda
cara, coroa, rainha
a dona do jardim
senhora do empenho

da India especiarias
de África os aromas
em mim eu tenho o mundo

oceano que sacias
felino que não domas
mistério tão profundo!

segunda-feira, 2 de junho de 2008

A volta grátis

E as memórias trouxeram-me aos ouvidos os sons do teatro, ouvi as pancadas ao longe, e a ansia de entrar em cena foi tal que caí, mas foi uma queda artistica! E depois o ai, dói, dói, em resposta às cócegas que as tuas mãos me faziam e que eu sentia muito mais do que a dor! E continuei com o teatro do dói dói, até ouvirmos, acho que os dois ao mesmo tempo, a rodopiante musica do carrosel!
E fiquei parada, petrificada a olhar, a ver todas as figuras a passarem, umas atrás das outras na circularidade do tempo!
Ouvi-te chamar, ouvi o senhor do carrossel chamar, e ia jurar que até o teu cavalo branco chamou por mim! Tinha mil olhos em mim! E continuava parada, ainda hipnotizada pela musica, e pelo cavalo que passava, e passava, e passava...
Mais devagar, mais demorado, mais lento ... como dois corpos entregues à exaustão do suor, mais lento, mais saboreado, mais sentido, mais profundo!
Saltei, sem suster a respiração, sem temer a queda e sem saber porque!
Talvez agora o carrossel acelere e eu me sinta tonta na vertigem!
Talvez me escape dos lábios um inaudível "não páres!"