O som daquela palavra arrepiou-me - INSPIRAS-ME!
Aqueles momentos estavam repletos de música, primeiro o embalo do som do mar, faltava o silêncio espaçado da chuva a cair, mas havia as fontes, o eco dos nossos passos!
Ouvi a minha inspiração lenta e profunda, depois ouvi a tua, o flash ... gostava que um dia me guardasses os silêncios olhados em fotografias, a preto e branco, claro, para que só nos fique na memória o tilintar das cores que dançam, livres!
O restolhar das sombras, a cadência da pedra na tua mão - tudo era música! O grito do semáforo e dos pássaros do jardim, como um só... a tua voz a dizer as minhas palavras:
- Às vezes gosto de falar sobre coisas sérias. Sabes, eu no fundo não sou quem pareço ser, é apenas uma máscara - roubei-te a pedra da mesma forma que me tinhas roubado o pensamento e voltei a ser menina, sem máscara, sem medo! Tirei as botas, não resisti a jogar descalça, reparaste nas meias! Sorri...
- Eu também! - também gosto de te fotografar o sorriso, sem máquina, para que dance com as cores, ao som desta música que embala o tempo!
Gosto da poesia no som da tua voz, gostei de te ouvir dizer que me tinhas feito um poema, surpreendi-me, não gostas de escrever! Fiquei curiosa, sou curiosa! E a minha curiosidade sai-te dos bolsos em melodias de espanta-espiritos de chaves e moedas ... e um flash de há muito tempo, andas comigo no bolso! Eu guardo-te em local mais recatado ... no amarfanhado do papel que desembrulhas, porque te INSPIRO!
Encosto o meu ouvido ao teu peito, para te sentir pulsar de ânsia enquanto me perguntas se gostei...
Se gostei!!!
- Podias dizer aquele poema ... o que me saiu dos dedos e num bramir suave te pousou nos olhos!